quinta-feira, 20 de março de 2014

(4º E 5º ANOS) ATIVIDADES COM POEMAS

Atividades desenvolvidas com alunos alunos do 5º ano (4ª série), na proposta de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro.

Oficina 1

Mural de Poemas

Objetivos

  Planejar o mural de poemas
  Resgatar a experiência dos alunos com poemas
  Conhecer o repertório de poemas dos alunos
  Reconhecer os poemas em suas diversas formas

Desenvolvimento:
1.           1. Formar  grupos (dupla ou grupo de quatro alunos).
2.          
3.           2. Cada grupo escolhe um relator para expor as idéias, as respostas                 encontradas.
4.          
5.           3. Propor questões como:
   a) Para você, o que é poesia?
   b) Você já ouviu ou leu um poema? Em caso afirmativo, conte aos colegas onde.
   c) O que você sabe sobre essa forma de texto?

4. Escrever na lousa o título dos poemas  ou versos lembrados pelos alunos.

5. Em seguida, cada grupo seleciona um dos poemas relacionados e o copia em uma folha de papel.

     Observação:
     Caso os alunos não saibam, não lembram nenhum título, lavá-los à biblioteca para realizar esta atividade, solicitando a leitura de alguns poemas e escolha de um com o respectivo autor.

6. Confeccionar um mural: Os grupos devem planejar a organização (onde ele vai ser colocado, como deixá-lo bem organizado e bonito). 
7. Colocar no mural os poemas selecionados e escritos na folha de papel.

8. Pesquisar  mais poemas e trazer para colocar no mural.


Oficina 2

O que faz um poema

Objetivo
  Conhecer as características do poema: rimas, versos e estrofes

Desenvolvimento:

1 - Sobre os poemas que estão no mural:

a) Por que escolheram esses poemas?

b) Como sabem que são poemas?

c) Por que eles são diferentes de uma notícia de jornal, de uma receita de bolo ou de um conto?

d) Como eles se organizam no papel?

e) Eles preenche todo o espaço das linhas, da margem esquerda à direita?

f) Os versos pulam linhas?

g) Do que tratam os poemas que você pesquisou?

2 - No final, organizar e sistematizar as idéias surgidas no grupo.

3 - Copiar na lousa o poema “Tem tudo a ver “, de Elias José, solicitando o registro no caderno.

Tem tudo a ver

A poesia
Tem tudo a ver
Com tuas dores e alegrias,
Com as cores, as formas, os cheiros,
Os sabores e a música
Do mundo

A poesia
Tem tudo a ver
Com o sorriso da criança,
O diálogo dos namorados,
As lágrimas diante da morte,
Os olhos pedindo pão.

A poesia
Tem tudo a ver
Com a plumagem,
O vôo e canto do pássaro,
A veloz acrobacia dos peixes,
As cores todas do arco-ires
O ritmo dos rios e cachoeiras,
O brilho da lua, do sol e das estrelas,
A explosão em verde, em flores e frutos.

A poesia
- é só abrir os olhos e ver -
Tem tudo a ver
Com tudo.


a) Do que fala o poema?

b) Por que o autor diz que “poesia tem tudo a ver com tudo”?

c) O que os poemas podem exprimir?

d) Esse poema tem rimas?

e) É possível compor poemas sem rima?

4 - Organização do poema: Explicar que o poema lido ( de Elias José) tem vinte e quatro versos e quatro estrofes. Em seguida perguntar:

a) Alguém sabe dizer o que é verso e o que é estrofe?

5 - Ajudar o grupo a chegar à definição correta de verso e de estrofe e registrar na lousa:

Verso – é cada uma das linhas do poema.
Estrofe – é cada grupo de versos separados do grupo seguinte por um espaço.

Um poema pode ter uma ou várias estrofes. E cada estrofe, um número variado de versos.


6 -  Solicitar que os alunos identifiquem os versos e as estrofes dos poemas fixados no mural.

7 - Ler para os alunos o poema “ Gato pensa? (Ferreira Gullar). Em seguida distribuir o poema com lacunas para serem preenchida com versos tirados do quadro. 

                    Gato pensa?

    Dizem que gato não pensa
    mas é difícil de crer.
    Já que ele também não fala
    ______________________________
   
    A verdade é que o Gatinho,
    quando mija na almofada,
    vai depressa se esconder:
    _____________________________

    E se a comida está quente,
    _____________________________
    muito calculadamente,
    toca com a pata pra ver.

    Só quando a temperatura
    da comida está normal,
    ___________________________

    E você pode explicar
    como é que ele sabia
    _________________________
Ele, antes de comer,  / Como é que se vai saber?
Vem ele  e come afinal. / que ela ia esfriar? / sabe que fez coisa errada.

7 – Perguntar:
a) Quantos versos tem este poema? E quantas estrofes?
b)Quais oa pares de palavras que estão rimando?




Oficina 3

Primeiro ensaio

Objetivos
  Apresentar a situação de produção
  Pedir aos alunos que escrevam um poema para avaliar o que já sabem

Desenvolvimento
1 – Revisar oralmente a oficina 2.
2 – Lembrar aos alunos que cada gênero de texto tem características próprias. Uma notícia de jornal, uma receita, um artigo de opinião, um conto, etc., são gêneros que têm forma muito diferente de um poema, não desviam do convencional. Na linguagem poética existe musicalidade, sons repetidos, ritmo marcado. Isto é consequência da liberdade com que podemos “manipular” as palavras.
3 – Dizer aos alunos que agora eles serão os poetas, aqueles que escrevem para mostrar o mundo de um jeito novo, com o intuito de emocionar, fazer pensar ou divertir os leitores.
4 – Distribuir uma folha de papel para cada aluno, pedindo-lhes  que escrevam om poema. O tema é “O lugar onde vivo”.
4 – Propor a leitura do poema produzido para a classe.
        
         Observação: A professora guardará estas produções para retomá-las posteriormente.

Oficina 4

Memória de versos

Objetivos
  Ampliar o repertório dos alunos com a apresentação de novos poemas.
  Resgatar e valorizar a cultura da comunidade.

Desenvolvimento:
1.   Iniciar dizendo o título do conto  que vai ser lido: “Cantador ( de sentimentos escondidos)”,  de Antonio Gil Neto. Antecipar o conteúdo do texto, perguntando: Pensando no título, o que vocês acham que a história vai contar? Vocês conhecem algum cantador?

2.   Ler para a classe os primeiros quatro parágrafos do texto e perguntar:  O que será que aconteceu naquele dia em Alvorada do Norte?

3.   Em seguida, ler o restante do texto em voz alta e no final conversar com a turma:

a) O que sentiram ao ouvir a história?
b) Podemos dizer que esta é uma história poética?

    É importante Lembrar  aos alunos que poético, segundo o dicionário, não são só poemas, mas tudo aquilo que “produz inspiração, que tem  qualidade, atmosfera, encanto, ou características da poesia”. O Cantador (de sentimentos escondidos)”, embora seja um conto, é poético, pois traz encanto, produz inspiração.


Cantador (de sentimentos escondidos)


         Esta pequena história foi contada pelos meus bisavós, que contaram aos meus avós que, por sua vez, recontaram aos meus pais, que me contaram de novo.. Agora a conto a você.
         Era um tempo em que Alvorada do Norte era uma cidade pequena e próspera Vivia seus dias de trabalho  e mansidão alternados, como se alternam os dias e as noites, o sol e a lua, a chuva e o vento.
         O que aconteceu é que naquele belo dia a cidadezinha amanheceu  de um jeito um tanto diferente. Uns minutinhos antes das dezenas de galos soltarem seus cocoricós costumeiros, as pessoas da minha cidade, ainda abraçadas a seus travesseiros ou mesmo de pé, no preparo da labuta do dia, ouviram algo diferente adentrando por portas e janelas ainda fechadas. “Acorda, Maria Bonita / Levanta vai fazer o café / que o dia já vem raiando / e a polícia já está de pé ...
         Mais ou menos no ritmo de um leve susto e do escuro se encontrar com o claro daquela manhã, os alvoradenses foram se dando conta do que acontecia: “ Meu coração / não sei por que / bate feliz / quando te v^/ E os meus olhos ficam sorrindo / pelas ruas / vão te seguindo / Mas mesmo assim / foges de mim...”
         Vou contar logo, porque não é fácil de explicar. Pelas ruas poucas da cidade passava naquele dia, como aparição, miragem, encomenda, um presente dos deuses. Era um jovem cantador.
         O que mais sei do que foi dito é que ele apenas falava bem falado, cantava pelo ar palavras bem bonitas que deixavam  todo mundo encantado, curioso, incomodado. Umas pessoas riam, outras se aborreciam e ainda outras experimentavam emoções pouco sentidas: Logo que alguém abria a janela, soltava: “Menina, minha menina / faz favor de entrar na roda / canta um verso bem bonito / diga adeus e vá-se embora...”
         Vez por outra ele surpreendia  seu cantar misturando-o com um achado pelo caminho. Rodopiando e declamando, cheirava solenemente uma flor e a entregava ao seu ouvinte – especialmente se fosse uma bela garota – como um adereço.
         U várias vezes pelas ruelas principais entoando com cerimônias de gesto e voz algumas preciosas palavras que tocaram de perto os sentimentos das crianças, dos jovens e dos adultos. E depois, sem passe de mágica, nem mais, nem menos, sem dizer adeus a ninguém, ele foi embora: “Adeus amor eu vou partir / ouço ao longe um clarim...”
         Desapareceu pelo ziguezague das estradas, com seu maracatu de corpo. Acho que ele foi encantar outros corações em outros lugares, penso eu...
         O que sei, com certeza, é que até hoje, quando escuto um barulho diferente na minha rua, que já não é a mesma de outrora, seja de vento leve na folhagem, passarinho querendo fazer ninho ou até mesmo de alegria inventada, levanto bem de mansinho e espreito na minha janela para ver o cantador de palavras bonitas passar.

Antonio Gil Neto, versão 2007.


4 – Tarefa de casa: Entrevistar pais, avós, vizinhos e parentes, fazendo diversas perguntas:Você gosta de poemas? Sabe o nome de algum poeta? Você conhece algum poema? Poderia recitá-lo, ou escrevê-lo? Tem algum livro de poemas? Dos poemas deste livro, quais você mais gosta?

5 – Se na cidade morar algum poeta, convidá-lo a ir à escola para conversar com os alunos. Também pode escrever uma carta a ele pedindo que envie um de seus poemas.

6 – Colocar no mural os melhores poemas coletados na entrevista. 

Oficina 5

Os clássicos

Objetivos
  Conhecer poemas consagrados da literatura brasileira

Desenvolvimento:
1 – Dividir a classe em grupo de 4 alunos.

2 – Distribuir cópias de poemas de vários autores.

3 – Pedir a cada grupo que leia o poema recebido.

4 – Leitura de poemas pela professora.

5 – Fazer perguntas como:

a) O que sentiram ao escutar / ler o poema?

b) Ouvir esses poemas nos faz lembrar de coisas alegres ou tristes?

c) Fechando os olhos, você consegue imaginar o que o poeta  quis nos mostrar?

d) Através de que versos o poeta demonstra estar se sentindo alegre ou triste?

e) Você já se sentiu da mesma forma que o poeta? Conte o motivo.

6 – Cada grupo deverá criar uma forma de apresentar o poema lido para a classe (gestos, movimentos, em forma de jogral, etc.).



Oficina 6

Rimando

Objetivos
  Identificar rimas em poemas
  Criar rimas

Desenvolvimento:
1 – Iniciar pedindo que contem sobra as coisas do dia-a-dia (“coisinhas à – toa”) que os deixam felizes.

2 – Dizer aos alunos que eles irão trabalhar com o texto “Duas dúzias de coisinhas à – toa que deixam a gente feliz,” de Otavio Roth.

3 – Leitura do texto “ Duas duzias de coisinhas à – toa que deixam a gente feliz”.


“Duas duzias de coisinhas à – toa que deixam a gente feliz

Passarinho na janela, pijama de flanela, brigadeiro na panela.
Gato andando no telhado, cheirinho de mato molhado, disco antigo sem chiado.
Pão quentinho de manhã, dropes de hortelã, grito do Tarzan.
Tirar sorte no osso, jogar pedrinha no poço, um cachecol no pescoço.
Papagaio que conversa, pisar em tapete de persa.
Vagalume aceso na mão, dias quentes de verão, descer pelo corrimão.
Almoço de domingo, revoada de flamingo, herói qur fuma cachimbo.
Anãozinho de jardim, lacinho de cetim, terminar o livro assim.

Otavio Roth. Duas duzias de coisinhas à – toa que deixam a gente feliz. São Paulo, Ática, 1994.


4 – Conversar com os alunos:
a) Que sensações e sentimentos o texto desperta?
        
         Comentar que Otavio Roth brinca com as palavras, produzindo um texto original e divertido.

5 – Discutir a a sonoridade:

a) Vocês sabem como se chamam a repetição de sons?
b) No final das palavras? Que sons se repetem no texto?
c) Quais são as palavras que rimam?
d) Copiar o texto na lousa e assinalar as rimas junto com os alunos.

6 – Produção:
a) Pedir aos alunos que pensem e escrevam no caderno  uma “coisinha”. Em seguida, deverão procurar outros dois colegas cuja coisinha rima com a dele, formando grupo de três. Se o grupo não conseguir as rimas devem trocar as palavras. Evitar os diminutivos ou aumentativo. Podem procurar palavras no dicionário, caso tenham dificuldade.

b) Cada trio apresentará suas coisinhas para a classe.

c) A professora deverá escrever as rimas dos trios na lousa ou numa folha de papel pardo.

d) Contar quantas coisinhas à – toa deixaram a classe feliz.

e) Pedir aos alunos que sugiram um título para este poema da turma.


Oficina 7

Objetivos
  Identificar rimas, aliteração e repetição de versos
  Criar quadras


Desenvolvimento:
1 – Iniciar perguntando quem conhece uma quadra. Pode recitar quadras conhecidas.

2 – Explicar que as quadras são estrofes compostas por quatro versos. Elas nasceram com o povo português na era medieval. É uma forma antiga  e popular de organizar os versos e é usada até hoje no Brasil. As crianças conhecem muitas quadras populares, algumas  como cantigas de roda:

O cravo brigou com a rosa,
Debaixo de uma escada.
O cravo saiu ferido,
E a rosa despedaçada.

3 – Transcrição das seguintes quadras:

Não sei se vá ou se fique
Não sei se fique ou se vá
Ficando aqui não vou lá
E ainda perco o meu pique.
Sílvio Romero


Ô seu moço inteligente
Faça o favor de dizer
Em cima daquele morro
Quanto capim pode ter?

Ricardo Azevedo

4 – Analisar as duas quadras e identificar a diferença entre os dois esquemas de rimas.

5 – Complete a quadra:

Lá no fundo do quintal
Tem um tacho de melado
Quem não sabe cantar verso
É melhor ___________________________

                                                            Ricardo Azevedo


Observação: A palavra que o autor usou é “calado”. Mas os alunos podem dar outras sugestões. O importante é construir a rima  sem perder o sentido do verso.

6 - Dizer aos alunos que entre os grandes poetas que compuseram quadras  está Fernando Pessoa. Ler a frase que ele escreveu  sobre as quadras: “ A quadra é um vaso de flores que o povo põe à janela da sua alma.”

7 – Leitura informativa sobre:

         Fernando Pessoa nasceu em Lisboa (Portugal) em 1 888. Ele é considerado um dos maiores poetas da Língua Portuguesa de todos os tempos. Em sua obra, usou vários “heterônimos”, isto é, ele usava nomes diferentes para assinar seus poemas.
         Mais do que pseudônimos, esses heterônimos eram personagens completos. Tinham biografia, estilos literários diferentes, maneiras diversas de ver o mundo. Era como se Fernando Pessoa  encarasse outras personalidades.
         Em alguns poemas, Pessoa assinava seu próprio nome. Em outros,  assinava Alberto Caeiro, um poeta que buscava a simplicidade da natureza, escrevia com a linguagem simples e vocabulário limitado. Em outros, assinava Ricardo Reis, que tinha uma forma humanística de ver o mundo, procurava o equilíbrio dos clássicos. Outro heterônimo era Álvaro  de Campos, um poeta moderno, um homem identificado com seu tempo.

8 – Transcrição de algumas quadras de Fernando Pessoa:

          Quadras a gosto popular

Eu tenho um colar de pérolas
Enfiado para te dar:
As pérolas são os meus beijos,
O fio é o meu pensar.

..............................

A caixa que não tem tampa
Fica sempre destampada
Dá-me um sorriso dos teus
Por que não quero mais nada.
...................................

No baile em que dançam todos
Alguém fica sem dançar.
Melhor é não ir ao baile
Do que estar lá sem estar.
................................

Vale a pena ser discreto?
Não sei bem se vale a pena.
O melhor é estar quieto
E ter a cara serena.
...........................

Não digas mal de ninguém,
Que é de ti que dizes mal.
Quando dizes mal de alguém
Tudo no mundo é igual.

Fernando Pessoa. Obra  poética. Rio de Janeiro, Aguilar, 1969, p. 645-665.

  9 – Identificar as palavras que rimam e qual o esquema  de rima usado por Fernando Pessoa.

10 – Produção: Criar uma quadra. (Orientar para não empregarem palavras no aumentativo ou diminutivo)

11 – Informar aos alunos que há outras formas de brincar com as palavras. Uma bem interessante é a usada por Cruz e Souza no poema “ Violões que choram”.


Violões que choram

Vozes veladas, veludadas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.

Cruz e Souza. Obras completas. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1997.

Compreensão:

a) Por que esse poema  pode ser considerado sonoro  e musical?

b) Qual é o som que se repete  ao longo dele?

Dizer que Cruz e Souza, neste poema, além da repetição  de palavras, usou como  recurso a aliteração, ou seja, a repetição de fonemas nas palavras que compõem os versos, como vozes, violões e vivas.

12 – Pesquisar em livros ou internet outras quadras populares para colocar no mural da sala.
 
Oficina 8

Poeta do povo

Objetivos

  Escrever acrósticos
  Trabalhar com poemas populares

Desenvolvimento:
1 – Iniciar perguntando:

a) Quem conhece um folheto de cordel?

b) Vocês já ouviram ou leram cordel? Em casos afirmativos, conte o assunto do poema.

c) Quais autores de cordel vocês conhecem?

2 – Passar o conceito.

Literatura de cordel são poemas populares impressos em folhetos ilustrados com xilogravuras. O nome vem da forma como os poemas eram apresentados ao público:os livretos eram pendurados em cordões (um varal de fios de algodão) em feiras e mercados populares. Trazidos pelos portugueses na segunda metade do século XIX, esse gênero literário permanece até hoje  bastante difundido na Região Nordeste, especialmente nos estados de Pernambuco, Paraíba, Ceará e Alagoas. Os poemas, geralmente vendidos pelos próprios autores, narram fatos do cotidiano local, como acontecimentos políticos, festas, lendas nativas, disputas, milagres,, enchentes e secas, exaltação de heróis (...) Os poemas  muitas vezes são declamados ou cantados em públicos, com acompanhamento de violas sertanejas.

3 – Distribuir uma cópia do cordel “Emigração e as conseqüências”, de Patativa do Assaré.

Emigrações e as conseqüências

Nesse estilo popular
Nos seus singelos versinhos,
O leitor vai encontrar
Em vez de rosas espinhos
Na minha penosa lida
Conheço do mar da vida
As temerosas tormentas
Eu sou o poeta da raça
Tenho mão calosa e grossa
Do cabo das ferramentas
Por força da natureza.
..........................
Sou poeta nordestino
Porém só canto a pobreza
Do meu mundo pequenino
Eu não sei cantar as glórias
Nem também canto as vitórias
Do herói com seu brasão
Nem o mar com as águas
Só sei contar minhas mágoas
E as mágoas de meu irmão.
..........................
Meu bom Jesus Nazareno
Pela vossa majestade
Fazei cada pequeno
Que vaga pela cidade
Tenha boa proteção
Tenha em vez de uma prisão
Aquele inferno medonho
Que revolta e desconsola
Bom conforto e boa escola
Um lápis e o caderno.

Patativa do Assaré. Uma voz do Nordeste. São Paulo, Hedra, 2000.

4 – Após a leitura:

a) Qual o tema desse poema?

b) Do que fala Patativa do Assaré?

5 – Reler os versos.

Nesse estilo popular
Nos meus singelos versinhos,
O leitor vai encontrar
Em vez de rosas espinhos
...

a) O que o autor nos diz nesses versos?

6 – Transcrever na lousa mais alguns versos de Patativa do Assaré, na forma de acrostico.

Posso dizer que cantei
Aquilo que observei
Tenho certeza que dei
Aprovada a relação
Tudo é tristeza e amargura
Indigência e desventura
Veja, leitor, quanto é dura
A seca no meu sertão.

Patativa do Assaré. ABC do No9rdeste flagelado. São Paulo, Hedra, 2001.


a) O que observa-se de diferente nesse poema? Que recurso o autor utilizou?

b) Como é chamado esse recurso poético?

c) Do que fala esses versos?

Observação:
Se necessário, informar que acróstico é um recurso poético em que as letras iniciais dos versos formam uma palavra ou frase na vertical. Muitas vezes os acrósticos revelam um nome próprio. Os poetas populares usam muito o recurso do acróstico com o próprio nome para identificar seus textos. Assim, indicam que os cordéis expostos em espaços públicos, com feiras, são deles.

7 – Produção escrita

         Escrever um cordel sobre você, contando sua vida.
         Para ajudá-lo (a) nessa atividade, são apresentadas algumas dicas importantes:
  liste algumas informações a seu respeito, como seu nome,sua idade, as coisas de que você gosta e as de que não gosta, as qualidades, os defeitos,etc.
  Observe o cordel de um garoto do Rio de Janeiro:

Cordel surfista

Sou carioca do Rio de Janeiro
Muito prazer, sou Luís Fernando
Fiz ontem 11 anos de idade
Uma festa estavam preparando
Chegaram os amigos da escola
E passamos o dia festejando.


Tenho ainda os amigos da praia
Eles também gostam de surfar
Pela manhã pego a minha prancha
E então vamos manobrar no março
E logo a turma do futebol
Chega na praia para jogar.

Após o almoço vou estudar
O meu estudo é essencial
Gosto muito de ir para a escola
Pois o professor é bem legal
Ele ensina muitas coisas boas
Para eu ser um bom profissional.


Refletindo

a) O que você conseguiu identificar a respeito desse garoto?
b) O título que o autor deu está adequado?

c)   A estrutura do cordel está adequada?

Produção

a) Você conseguiu transmitir no cordel um pouquinho do que você é?

b) A estrutura do cordel foi respeitada, ou seja, está organizada em versos e estrofes?

c)   O título que você deu ao texto é adequado?

Acróstico

a) Criar um acróstico com o próprio nome ou com o nome de um amigo, da rua, do bairro, da cidade onde mora, etc.

8- Colocar as produções no mural.

9 – Pesquisar na internet a biografia de Patativa do Assaré.



Oficina 9

Metáforas

Objetivos
  Identificar e usar comparações, imagens e metáforas

Desenvolvimento:
1 – Ler ou cantar a letra de uma canção infantil feita por Vinícius de Moraes.

O leão 

Leão! Leão! Leão!
Rugindo como o trovão
Deu um pulo, e era uma vez
Um cabritinho montês.

Leão! Leão! Leão!
És o rei da criação!
Tua goela é uma fornalha
Teu salto, uma labareda
Tua garra, uma navalha
Cortando a presa na queda.

Vinícius de Moraes. A arca de Noé. São Paulo, Companhia das Letras, 1991, p. 38.

a) Identifique no poema as comparações e metáforas criadas pelo autor.

b) O que o poeta quis dizer com “tua  goela é uma fornalha”? E com “tua garra, uma navalha”? Como se chama esse tipo de recurso usado pelo poeta?

Explicar que com a metáfora, nós falamos de um objeto ou de uma qualidade com palavras que se referem a outros objetos ou qualidades, mas podem ser tomadas emprestadas para fazer comparações.

2 – Solicitar a transcrição dos versos do poema “Meus oito anos” de Casimiro de Abreu, observando o uso da metáfora.

         O céu bordado d'estrelas,
         A terra de aromas cheia,
         As ondas beijando a areia
         E a lua beijando o mar!

a) Imagine um céu bordado d”estrelas. Como seria?

b) Qual é o sentido dos versos “ondas beijando a areia” e “a lua beijando o mar”?

Explicar que as metáforas deixam os versos mais interessantes, mais poéticos.

3 – Completar as lacunas fazendo comparações fazendo as comparações.

O rio é ________________________ como _______________________
O rio tem cheiro de __________________________________________
A cor do rio parece __________________________________________
A minha rua tem um brilho como ________________________________
Minha cidade até parece _______________________________________

4 – Complete empregando metáforas.

O rio _____________________________________________________
Minha rua __________________________________________________
O céu ______________________________________________________
Minha cidade ______________________________________________

5 – Fazer um ensaio com os alunos na lousa, fazendo uma lista (coletivamente) de características, qualidades e problemas do lugar onde vivem ( a casa onde mora, a rua, o bairro ou a cidade) e criando as comparações e metáforas para contar sobre esse lugar.

6 – Pesquisar outros poemas que tenham comparações ou metáforas.


Oficina 10

O lugar onde eu vivo

Objetivos

  Estudar poemas sobre a terra natal de diferentes autores
  Resgatar sentimentos sobre o lugar onde os alunos vivem

Desenvolvimento:
1 – Conversa verificando o que os alunos sabem sobre o Rio de Janeiro:
a) Quem conhece o Rio de Janeiro?

b) Já viram fotos ou imagens na televisão?

c) O que conhecem do Rio de Janeiro?

d) O que mais os impressiona?

e) Já viram fotos do Cristo Redentor, no Corcovado?

f) Ilustrar a conversa com fotos ou imagens da cidade, do Corcovado.

2 – Leitura do poema “Milagre no Corcovado”, de Ângela Leite de Souza.

Milagre no Corcovado

         Todas as noites
         De céu nublado
         No Corcovado
         Faz o seu milagre o Redentor:
         Fica pousado no algodão – doce
         iluminado
         Como se fosse
         De isopor
         Mas todos sabem
         Que bem de perto
         Esse Jesus
         É um gigante
         De mais de mil
         E cem toneladas...
         Suba de trem,
         Vá pela estrada,
         Quem chega lá,
         Ao pé do Cristo, vira mosquito.
         E olhando em volta
         Para a cidade
         De ponta a ponta maravilhosa
         A gente sente um arrepio:
         O milagre é o próprio Rio!

Ângela Leite de Castilho Souza. Meus Rios. Belo Horizonte, Formato, 2000, p. 19-20.

a) Qual o tema desse poema?

b) Sobre o que fala a autora?

c) Fechando os olhos, vocês conseguem imaginar o que a poetisa quis nos nos mostrar?

3 – Leitura do poema “Cidadezinha”, de Mário Quintana.

Cidadezinha

Cidadezinha cheia de graça...
Tão pequenina que até causa dó!
Com seus burricos a pastar na praça...
Sua igrejinha de uma torre só...

Nuvens que venham, nuvem e asas,
Não param nunca nem um segundo...
E fica a torre, sobre as velhas casas,
Fica cismando como é vasto o mundo!...

Eu que de longe venho perdido,
Sem pouso fixo (a triste sina!)
Ah, quem me dera ter lá nascido!

Lá toda a vida poder morar!
Cidadezinha... Tão pequenina
Que toda cabe num só olhar...

Mário Quintana. Prosa e verso. São Paulo, Globo

a) Qual é o tema desse poema? Ele nos faz lembrar de coisas alegres ou tristes?

b) Vocês conseguem imaginar a “Cidadezinha” que Quintana descreve em seu poema? Como é essa cidade? É parecida ou muito diferente da nossa cidade?

c) O que esses dois poemas lidos têm em comum?

d) Por que eles tratam do mesmo assunto e ainda assim têm títulos diferentes?

e) O que os títulos dizem para quem vai ler os poemas?

f) Que recurso poético Quintana usou em seu poema? Será que ele só se preocupou em encontrar as rimas ou também conseguiu mostrar como era a cidadezinha?

g) E no poema “Milagre no Corcovado”, a autora usa rimas? Que recursos poéticos ela usou? Como consegue contar suas impressões sobre o Cristo do Corcovado?

Observação:
Mário Quintana usou o recurso da rima para expressar a simplicidadee encanto da sua cidade. Além de usar rimas originais, ele se preocupou com o ritmo do poema.

A autora do “Milagre no Corcovado”não empregou rimas em seus versos, mas usou outros recursos, como a comparação e a metáfora. No verso “fica pousado no algodão doce” ela mostra sua visão do Cristo iluminado à noite, cercado pelas nuvens. Para ela , é um milagre o gigante de muitas toneladas pousado no algodão doce. Oficina 11

Um novo olhar

Objetivo

  Propiciar um olhar novo e original sobre o lugar onde os alunos vivem

Desenvolvimento:
1- Leitura dos versos abaixo, escritos por poetas que retratam o lugar onde viveram.

Confidência do itabirano

Alguns anos vivi em Itabira.
Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas...

Sentimento do mundo. Rio de Janeiro, Record. Carlos Drummond de Andrade.



Alma cabocla

E, na dança que encerra
Esta simpleza daqui,
Viver de novo, na serra,
Entre as gentes desta terra,
A vida que eu já vivi...

Paulo Setúbal. Obras completas. São Paulo, Sairava, 1958.

a) O que esses poetas retratam em seus versos?

b) Como podemos olhar de  forma diferente para o lugar onde vivemos?

2 – Viagem imaginária:

a)  Fechem os olhos e pensem no lugar onde vivem: a cidade, o bairro, as ruas, os espaços interessantes que os impressionam. O que vocês vêm? Qual a cor predominante? Quais os ruídos desse lugar? O sol, as nuvens, o calor, o frio...que sensações despertam?

b) Se tivesse que descrever esse lugar para pessoas que não o conhecem, como o fariam? 

c) Socialização da descrição.

d) Observar as comparações e metáforas utilizadas na descrição feita pelos colegas.

Oficina 12

Nosso poema

Objetivo

  Produzir um texto coletivo

Desenvolvimento:
1 – Quadro - resumo do que foi realizado ao longo das oficinas:

  Relembramos, ouvimos e lemos vários poemas.
  Aprendemos o significado de diversas palavras, como poema, poesia, poeta, verso, estrofe, estilo, tema.
  Com a poesia podemos expressar emoções e sentimentos enquanto falamos sobre e outros temas.
  O poeta usa a linguagem de maneira diferente da que fazemos no dia-a-dia. Emprega recursos poéticos, como rimas, aliterações, repetições, comparações e metáforas.

 Lembrete:
Poesia – arte, habilidade de tornar algo poético. Ela provoca sentimentos, emoções, impressões e reflexões.

Poema – uma composição em versos ou não em que há poesia. Têm várias formas e falam de diferentes temas.

Poeta – pessoas que fazem obras poéticas.

Verso – corresponde a cada linha  de um poema. Um poema pode ter quantos versos o poeta desejar.

Estrofe – é um conjunto de versos. O número de versos fica a critério do poeta.

Rima – é um recurso usado no poema para dar sonoridade, descrever sensações – é a semelhança sonora no final  das palavras.

Aliteração – repetição de uma consoante.

Metáfora – emprego de uma palavra  em sentido diferente do próprio por analogia ou semelhança.

Estilo – maneira de expressar de um escritor ou de um grupo literário.

Tema – principal assunto ou mensagem de um poema.


2 – Os alunos, em grupo:
  Escolhem palavras e expressões da descrição do lugar onde vive, feita na oficina anterior.
  Escrevem versos, estrofes aplicando os recursos poéticos desejados.
  Cada grupo lê em voz alta o que escreveu.
  A professora registra na lousa o que cada grupo fez.
  Eleger um dos alunos para ler em voz alta o registro da lousa.
  A professora pergunta aos alunos se o texto tem sentido, se está adequado.
  Releitura do poema para ver o que pode ser melhorado e, se necessário, faz-se as modificações.
  Em conjunto criar um título bem sugestivo e atraente.


Oficina 13

Virando poeta

Objetivos

  Escrever um poema com o tema “O lugar onde vivo”

Desenvolvimento:
1 – Leitura do poema de Carla Marinho Xavier, vencedora da categoria “Poesia” da terceira edição do Prêmio Escrevendo o Futuro, em 2006.

O mundo dentro da represa do Frade

A represa é presa
Presa com água
E feita de pedra, pesada
Com mil toneladas de água

Lá embaixo os peixes:
Cascudo, cará, carapeba
Brincam de esconde-esconde
Se entocando nas pedras.

Desce a correnteza, correndo
Descansa na represa
E cai pelo caidor
Fazendo cócegas nas pedras

A água de baixo
Temendo a água de cima
Faz onda para escapar
Fugindo para outro lugar

Sobre a estreita ponte
O danado do vento
Vem assustar a gente
Com seu sopro violento

As árvores nas beiras
Se seguram na areia
Temerosas
Não querem ser levadas
Pela força da correnteza

Da minha janela vejo esse
mundo:
Um mundo dentro do outro
Preso nas maravilhas da represa


2 – Análise dos recursos que Carla usou para fugir do lugar comum e mostrar um olhar único sobre sua terra.

  Título: sugestivo -  instiga o leitor e, ao mesmo tempo, antecipa o conteúdo do poema.
  Não foram utilizadas rimas para compor os versos. A sonoridade é conseguida com repetição de palavras, sílabas ou sons ao longo dos versos.
  Na 2ª e 3ª estrofe: A autora faz comparações e cria imagens para transmitir suas impressões. Apresenta ao leitor seu mundo.
  Na 4ª e 5ª estrofe: Revela de forma muito original os elementos da represa. Água, vento e árvores ganham vida e sentimentos. A água faz cócegas, O  vento assusta as pessoas e as árvores têm medo. 
  Na 6ª estrofe: O texto encanta a todos a ultrapassar o lugar comum, brincando com o sentido das palavras.
  Na 7ª estrofe: A autora conclui o poema reafirmando seu olhar único e pessoal sobre o lugar onde vive.

3 – Revisar o rascunho do poema sobre o lugar onde vive (produzido  na oficina 3), lembrando de exprimir, no texto, a visão pessoal e original desse lugar e de usar os recursos poéticos aprendidos.

4 – Passar a limpo em uma folha de papel.

Oficina 14

Últimos retoques

Objetivo

  Aprimorar os poemas produzidos


Desenvolvimento:

1 – Copiar na lousa exemplos de estrofes que devem ser melhoradas.

O lugar onde vivo

         Minha cidade é bela
         É mesmo especial
         Eu gosto muito dela
         É tudo muito legal
..............................
         Lá tem muita coisa legal
         Alegria e felicidade
         Outra não tem igual
         Assim é minha cidade.

a) É possível imaginar como é essa cidade?

b) O autor consegue mostrar como é o lugar onde vive?

c) Que sugestão vocês dão para melhorar o poema?

d) O título repete o tema proposto: o lugar onde vivo. Que sugestão de um título criativo vocês dão ao autor?

2 – Copiar na lousa uma outra estrofe que deve ser melhorada.

         A escola onde eu estudo
         É Imaculada Conceição
         Muito tem se empenhado
         Em cumprir sua missão.

a) Como podemos melhorar esses versos?

b) Será que, se retirarmos algumas palavras, os versos não ganhariam um ritmo mais cadenciado?

c) Que palavras podemos tirar sem comprometer o sentido dos versos?

3 – Explicar aos alunos que, para obter maior concisão e elegância, é possível eliminar algumas palavras. No caso dos poemas rimados, isso pode contribuir para o ritmo do texto. Mostrar como fica melhor desta maneira:


         A escola onde estudo
         Imaculada Conceição
         Muito tem se empenhado
         Em cumprir sua missão.

4 – Aprimorar os poemas que produziram na oficina anterior (oficina 13 ), observando os itens abaixo escritos na lousa:

  O título poema é criativo?
  O texto tratou do tema, mostrando características e peculiaridades do lugar onde vive?
  O poema usa alguns dos recursos estudados nas oficinas: rima, quadra, aliteração, comparação, metáforas?
  O poema tem um ritmo cadenciado?

5 – Escolher junto com a classe os três melhores poemas, os quais serão enviados para a comissão julgadora da escola.

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